quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Nacionalismo forçado.

Vi no "Jornal Hoje" (!) essa semana: agora é, por lei, obrigatório que alunos cantem o hino nacional ao menos uma vez por semana na escola, enquanto a bandeira é hasteada. O Brasil tem sérios problemas quando se trata do ideal nacionalista. E este já nos foi imposto outrora, na digníssima ditadura militar, onde, diariamente se era obrigado a cantar o hino nas escolas.
Não acho que este seja o caminho. Aliás, não é! Não que eu concorde com os acéfalos que batem palmas ao fim da execução, ou que ainda insistem em levar a mão direita ao coração, parecendo mais uma posição fúnebre do que quqlquer outra coisa. Mas a imposição nunca é o ideal, e a ditadura militar brasileira não deve ser tomada como exemplo pra nada.
O nacionalismo deve ser algo espontâneo, adquirido através da idade e a identificação com a política, história e cultura do país. Mas, a questão é, em tempos de invasão cultural estadunidense, american way of life, e cultura popular brasileira como sinônimo de funk, pagode e futebol, como despertar tal interesse? Mais uma vez o problema reside numa questão mais profunda do que pensamos. A educação brasileira se esqueceu do tal nacionalismo por décadas e acha que agora, forçando alunos a memorizar uma letra de canção, o resgatará.
Ainda temos o futebol e as eventuais competições esportivas, datas em que todo brasileiro jura por Deus que é nacionalista ao extremo. Chega a ser ridículo ver o país povoado por bandeirinhas, faixas verde-amarelo e pessoas decorando a letra dos hinos para não fazer feio quando este tocar nos bares em que assitirão aos jogos.
O pensamento brasileiro tem muito que mudar antes de o hino nos ser atirado aos ouvidos e entrar por osmose no cérebro, até porque não são muitos os que compreendem alguma coisa de sua composição. Seria sim, ideal, um dia em que todos parassem, com o devido respeito e atenção, para escutar, acompanhar e se emocionar com a canção, mas não é nada bonito ver centenas de adolescentes estáticos e mumificados num pátio escolar ansiando desesperadamente pelo sinal do recreio.

2 comentários:

João Vitor disse...

Cara, um lado de mim concorda absolutamente com tudo que você escreveu. Meu lado "são"... mas burro.

Do jeito que está a coisa toda, a gente acaba perdendo a razão e apostando em métodos não-ortodoxos...

Eu estou mais mesmo é apoiando esse negócio do hino. Se não vai por bem, vai pela força...

Você não sabe, mas na escola onde minha mãe trabalha (e provavelmente em todas as outras), o governo gastou milhões comprando livros e material escolar para os alunos. Estes idiotas, por sua vez, que mal tem o que comer, rasgavam os livros, quebravam os materiais, tudo ali na frente dos professores mesmo... Coisa que eu e você, que temos mil vezes mais condições, nunca fariamos...

Essas coisas fazem a gente desanimar... eu acho mesmo é que tem que cantar hino todo dia cedo. (Eu fazia isso no Objetivo, com orgulho) Alias, isso é pouco... mas agora estou sem criatividade-ditatorial, então, fica pra próxima....

Unknown disse...

Nacionalismo forçado não, com certeza, mas sim o gosto adquirido pelo estudo e entendimento da cultura brasileira. A história do país, que não é feita de grandes revoltas populares nem nada mas que é rica em diversidade e em luta por direitos iguais(mesmo que protagonizados pelas elites) possui grande valor significativo.
Cantar o hino nacional esperando pelo sinal do recreio, como você mesmo disse, não despertará sentimento nacionalista algum.