sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Panis et circensis.

"Chega de sermos um país pequeno", disse hoje, o presidente Lula, após receber a notícia de que o Brasil, mais especificamente a cidade do Rio de Janeiro, será sede das Olimpíadas de 2016. Não poderia existir momento melhor para a frase de Lula ou para a escolha do Rio como cidade olímipica na História brasileira.
Pagamento da dívida externa, boa imagem perante o Banco Mundial e o FMI, um presidente que se dá ao luxo de "brincar" com Barack Obama e ostenta récorde de popularidade perante os eleitores. O Brasil realmente, não é mais um país pequeno. Afinal, que país pequeno pode arcar com os 25,9 bilhões (BILHÕES!) de reais estimados para as Olimpíadas? É isso que o Brasil acaba de adquirir: um fardo com esse altíssimo valor monetário. Além, é claro, da imensa satisfação popular do sempre feliz povo carioca, agora, mais nacionalista do que nunca. 2016 será o ano do nacionalismo. O Brasil nunca viu tantas bandeiras hasteadas como verá nesse ano, e as manifestações já se iniciaram.
A situação não é de todo horrível. É claro que o discurso demagógico "Rede Globo" de que os Jogos Olímpicos trazem progressos, lucros com o turismo, grande circulação de capital e melhoria no sistema de transportes é um pouco válido. Mas e lucros com o comércio externo? E progressos na educação e saúde? E a grande circulação de capital per capita? Qual o valor de uma olimpíada se analisarmos esses quesitos, os quais o Brasil apresenta em grande carência?
Parece radicalismo, mas é uma opinião bastante sensata: as Olimpíadas nada mais são do que um grande exemplo do panis et circensis contemporâneo, herdado da antiguidade romana, que vivemos. Os grandes eventos esportivos sempre tiveram esse caráter, Olímpiadas, mais do que qualquer outro. O Brasil, com essa nova fase, se afirma como maior potência esportiva do mundo, algo que ele já tem tradição há tempos, além de potência econômica. Mas é triste ver que foi esse o modo que nosso país e povo encontraram para crescer em termos mundiais.
O povo brasileiro precisa entender que não é orgulho algum gastar bilhões de dólares em construções de estádios e estrutura olímpica (que inclue um sistema de segurança ótimo, mas que dura apenas o tempo dos jogos, pouco auxiliando a população) enquanto temos, no Rio, milhões passando fome. Milhões aderindo e financiando o tráfico de drogas. Milhões morrendo em nome deste e da violência que permeia a capital carioca. Mas aí, viveremos sete anos de grande ânsia e expectativa e um mês de comemorações, quando os jogos se iniciarem. E, se tratando do povo brasileiro, isso os faria o povo mais feliz do mundo, amando demasiadamente seu país e pátria cada vez mais a cada medalha conquistada e, durante esse tempo, nossa imprensa jamais noticiaria alguma catástrofe. Tudo como Július Caesar previu em sua Roma imperial.

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